quarta-feira, 26 de março de 2014

Legado?

(Ricardo Moraes/Reuters)

Copa do Mundo e Jogos Olímpicos de 2016 chegando e muito se fala a respeito das obras para as competições. Expressões como "legado", "entorno", "obras de mobilidade urbana" e etc., são repetidas exaustivamente pelos nossos cartolas e políticos que estão a frente dessas.

Mas o que estamos/vamos ver realmente?

Voltemos um pouco no tempo: Pan Americano de 2007. O estádio "olímpico" (mas para que possa ser utilizado nas olimpíadas precisaria de uma reforma) João Havelange foi construído às pressas, troca de engenheiro, muito dinheiro gasto e ,durante um bom tempo, estádio principal dos grandes clubes do rio, mas nunca aceito pelas torcidas. Pouco mais seis anos depois, interditado por risco de desabamento da cobertura. Resultado: Botafogo sem casa, estádio sem previsão de reabertura e população e comerciantes da região do ENTORNO prejudicados.
E o Engenhão não é o único caso de uma instalação do Pan que não será aproveitado: o velódromo, Maria Lenk, Deodoro e o próprio Maracanã, que passou por obras para o Pan, novamente agora para a Copa e pode ser que tenham que ser feitas novas melhorias para os Jogos Olímpicos.

E as promessas para a Copa? Cadê?
- "Não haverá um centavo de dinheiro público na construção dos estádios."
- "Construção de um trem bala RJ-SP."
(...)

Estou longe de ser uma das pessoas mais pessimistas que existe, mas está difícil acreditar que a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos deixarão frutos concretos para a cidade do Rio e para as outras que sediarão jogos da Copa, tendo esses casos em um passado recente. A farra dos políticos e seus amigos empreiteiros continuará a cada oportunidade de fazer uma reforma e colocar mais e mais dinheiro em suas contas bancárias. E enquanto isso, nós pagamos por isso e depois vemos, como no caso do Maracanã, um patrimônio púlbico, reformado com dinheiro público, cair no colo da empreiteira do amigo do nosso Governador.

E que (não) continue a farra...                                                                                       

Por Felipe Exaltação.                                                                 
                                                                                                         

Um comentário:

  1. Em Portugal, depois do Euro 2004, ficaram estádios fantasma... E esses fantasmas serviram para engolir os próprios clubes que lá jogavam.
    O Estádio do Algarve não tem equipa, jogam lá meia dúzia de jogos por ano e este ano um clube da 1ª divisão jogou lá algumas partidas também.
    O Estádio de Leiria tem lá uma equipa que actualmente está na 3ª divisão. Caiu da 1ª divisão para 3ª graças a insucessos desportivos e dívidas. O estádio contribuiu bastante para isso. Custos enormes de manutenção e o próprio estádio nunca chegou a ser pago na totalidade pelo clube. Hoje em dia, este estádio com 25mil pessoas, tem 200 pessoas a ver jogos do clube.
    Beira-Mar a mesma coisa. Equipa na 2ª divisão, procura sempre investidores estrangeiros porque não há um único português sério que queira pegar num clube cheio de dívidas que tem que sustentar um monstro de betão. Têm assistências de 1000 pessoas... Estádio às moscas
    Estádio do Bessa, do Boavista, viu o clube durante anos na 3ª divisão. Vai voltar no próximo ano por decisão de tribunais. O estádio nunca chegou a ser pago pelo clube.

    Resumindo... os estádios serviram para políticos meterem dinheiro ao bolso e para empresários da construção civil enriquecerem. Quem pagou? O povo.

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