quinta-feira, 26 de maio de 2011

Ronaldinho Gaúcho; 'Sim' e 'Não'


É notório que o Mundo é movido pelo 'Sim'. O que move o planeta,o que faz todas as pessoas lutarem pelos seu objetivos é a esperança de, em algum dia, em algum momento, receber uma resposta positiva. Contudo, não há nada mais afrodisíaco, mais estimulante do que um carregado 'Não'.

Parace contraditório. Entretanto, quanto mais frequente são as respostas negativas, mais preciosas são as afirmativas. Poucas são as pessoas que notam o quão valioso é ter uma negativa, o quanto ela dignifica e sublima uma eventual aprovação. Acredito que, no Mundo, as mulheres são aquelas que mais entendem esse significado.

Meus caros, nada é capaz de deixar uma mulher mais atraente do que um sonoro e contundente 'Não'. Somente quem já teve uma negativa feminina tem idéia do quanto pode ser excitante um rechaço. Aumenta as espectativas, gera mais transpiração para o alcance do objetivo. Ter no veto um degrau é uma virtude e um prazer.

Ronaldinho Gaúcho soube encontrar no féu de um nítido e sonoro 'Não', um futuro esperançoso, que pode resultar no mel do 'Sim'. Após a saída ao som de vaias da Copa do Brasil, o Camisa Dez e o Time da Gávea pareciam em cinzas. Mais um segundo semestre de preguiça, diziam os críticos. Assim como no Brasileiro de 2010, o time parecia longe da disputa. Entretanto o sinal vermelho tornou-se verde para o time do Homem de Dois Milhões de Reais.

Além da saída da competição nacional, outra frustração apareceu na vida do Ex-Melhor do Mundo. A Seleção de Mano Menezes para a Copa América saiu e o gaúcho não estava nela. Por mais que as atuações não inspirassem confiança, restava uma luz no fim do túnel. A luz era uma quimera; Ronaldinho não vestirá a Camisa Amarela tão cedo.

E foi quando prazer da superação se pôs aos pés do R10. O nada glamuroso palco de Macaé, uma noite fria, a primeira rodada do Brasileiro. Tudo para ser um daqueles jogos monótonos que a televisão insiste em transmitir. Entretanto, o Ronaldo das Cercanias da Velha República Juliana estava a fim de jogo, pronto para superar a fase ruim. Ronaldinho Brilhou, participou dos qautro gols da goleda do Flamengo.

Anos de distância do brilhantismo do Barcelona, quando foi o melhor jogador de uma década. Anos de negativa, caros leitores. E agora ele ameaça um retorno. Sob a dor dos tempos sombrios, Ronaldinho Gaúcho parece ir em busca da definitiva e efusiva resposta 'Sim' para o bom futebol. Seria o retorno do velho romance entre o Ex-Melhor do Mundo e o Futebol Arte?


Por Helcio Herbert Neto.

domingo, 8 de maio de 2011

Homenagem de Dia das Mães




No fim de semana que homenageia as progenitoras, resolvi lembrar daquele que, no último mês, foi a mais generosa "mãe" do futebol. Contudo, o fim de semana da bola no país me fez repensar se esse prêmio é digno. Há um forte concorrente que corre por fora, distribuindo agrados aos adversários constantemente.

Tudo começou em Londres, nas quartas-de-final da Liga dos Campeões. O goleiro brasileiro Gomes, do Tottenham. Na situação, ele exerceu seu extinto matriarcal com o openente madridista Cristiano Ronaldo. O jogo já estava resolvido, a fatura liquidada, mas a situação foi constrangedora.

E não acabou por ai. No clássico londrino contra o Chelsea o terceiro goleiro da Seleção na Copa de 2010 deu mais um presente para os adversários. Lampard se aproveitou da falha e começou a reação dos Azuis . É fato que a bola não passou completamente pela linha, porém a cena que ficou para eternidade foi a bola passando pelo meio de suas pernas.

Entretanto, quando tudo parecia terminado e a homenagem já estava preparada, o goleiro Colorado Renan resolveu destribuir gentilezas para o time da metade Tricolor de Porto Alegre. Na primeira partida da Final do Gauchão, o arqueiro campeão da Libertadores 2010 pôs a cereja no bolo do Dia das Mães. Com duas falhas significativas, ele confirmou a notória incerteza dos trocedores do Internacional com o seu Camisa 1.

Então, para que não haja briga entre os dois, a homenagem vai ser dupla. Torçamos para que esses titulares da posição mais questionada do futebol se recuperem e não desapontem os seus fanáticos torcedores. De resto, ficam os parabéns para as verdadeiras mães, que com força e suor lutam para criar seus filhos.

Por Helcio Herbert Neto.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Apaixonado por "assombração"


Ontem, aproximadamente 14 milhões de pessoas levaram as mãos à cabeça quando chegou ao fim mais uma rodada dessa impiedosa tal de Libertadores. A noite foi terrível para quatro grandes clubes do futebol brasileiro e, vai, para o Brasil, apesar de eu não me sentir comovido por esse tipo de patriotismo (cada um tem o seu time, seja aqui ou na Bolívia). Mas ai de quem disser que foi terrível para o futebol.

Para os verdadeiros amantes do esporte (excetuando-se os magoados torcedores), houve motivos para sorrir na “noite mal assombrada" do Brasil na Libertadores. O improvável fingindo que é por acaso e tirando sarro dos que ainda duvidam do futebol. Não me canso de admirar essa mística que o envolve, essa mania de mudar o destino que parecia certo, essa vontade de assoprar a bola da classificação de um na trave e a de outro, no barbante.

O Guerreiro campeão brasileiro, o Colorado campeão da América, o eterno Imortal e a Máquina Celeste. Desses, uma história épica e um final feliz - mais uma Libertadores para o Brasil que se encontrava novamente em vantagem numérica nas oitavas. Nada. Caíram um a um. Tirando o Grêmio, todos pareciam com meio caminho andado. E esqueceram que no futebol isso não existe. No meio deles o Fluminense, que já havia contrariado a matemática, ignorou a falta de lógica do mundo da bola.

Qualquer esporte está sujeito a esses dramas, claro, mas com que frequência e em que intensidade? Quantas vezes vamos ver o Lakers deixar escapar, em casa, uma classificação nos playoffs para um time de pouca expressão? Quantas vezes o Phelps vai entrar na piscina e chegar metros atrás de um semi-desconhecido nas Olimpíadas? Talvez as comparações nem sejam as melhores, mas são suficientes para transmitir a ideia.

Algumas pessoas estudam economia e mercado para compreender o mundo. Outras, a psiqué e o comportamento humano. Eu escolhi o futebol. Passei bastante tempo me censurando por isso, até que fui procurar alguns argumentos para me iludir e, por fim, acabei convencido de que realmente valia a pena. Para muitos, só um esporte, só um entretenimento incrivelmente popular.

Para mim, a maneira mais fácil de dizer as coisas. Quase ninguém quer ler e discutir sobre o senado, mas a CBF e o Clube dos 13 encontram bastante público. Ruim? Nem tanto se pensarmos que não deixa de ser política. Economia então, nem se fala, dá até arrepios. Mas e o mercado futebolístico brasileiro com poder de compra que não tinha outrora? Quase todos querem entender e dar palpite. Isso não ajuda? Não educa?

O futebol mistura política, paixão, economia, direito, fé, sociologia e o que mais for. Lindo. E talvez a explicação para sua popularidade nem esteja nisso tudo. É o fato de ele ser a própria vida, em quatro linhas. É simplesmente a imprevisibilidade, são aquelas energias estranhas que de vez em quando invadem os gramados. É a vontade de culpar qualquer coisa quando não dá certo. É não ter o controle sobre absolutamente nada e por mais cético que seja, no último pênalti, rezar sem saber para quem. O choro quando a bola entra lá e o choro quando a bola entra aqui. Beber para comemorar e beber para esquecer.

Por mais paradoxal que seja, no fim das contas, não tem vencedor e nem perdedor. Um enorme ciclo de angústias e felicidades, dia após dia, década após década. Uns mais, outros menos, mas todos para o mesmo lugar.


Por Beto Passeri