segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Decisão técnica derruba a Lusa

Como se temia e esperava vindo do STJD, a Lusa foi derrotada por unanimidade, 5 a 0, e caiu para a Série B, embora ainda vá recorrer sem maiores esperanças.

Assim, o Fluminense permanecerá na Série A.

O julgamento equivale a sentenciar quem furta um pão à prisão perpétua.

A defesa lusa foi pífia e o clube, ao contrário do que anunciou, não apresentou as provas de que procurou seu advogado durante o sábado e não foi atendido.

Mesmo que tivesse sido brilhante, a defesa seria inútil, porque o jogo já estava jogado.

O Fluminense, que dizia não ter interferido em nada, apresentou-se como parte interessada e será amaldiçoado por isso.

Mas caso não o fizesse, seus sócios deveriam pedir o impeachment de seu presidente.

Coisa, aliás, que o lusos devem fazer em relação aos seus cartolas.

A voz das ruas foi derrotada mais uma vez.

E novamente fica comprovada a inutilidade do STJD.

Afinal, se é para simplesmente aplicar a letra fria da lei, bastaria o tribunal de penas.

Mas a palhaçada continuará, porque ainda haverá o julgamento do recurso, para mais gente aparecer.


Via Blog do Juca Kfouri

domingo, 15 de dezembro de 2013

Pormenores

(Divulgação) Fluminense na Série A do ano que vem? É correto com a meritocracia?

Para ler ao som de: Beetlebum - Blur

Após os anos nauseabundos de teclados e topetes, o rock inglês renasce. Estamos na primeira metade da década de 1990, quando, longe da repressão policial, econômica e até ideológica de Margaret Thatcher, guitarras dissonantes e letras nem um pouco consonantes com o que acontecia naqueles tempos começam a chegar ao rádio. E para aquecer o mercado, gravadoras e a imprensa apostam em uma velha fórmula de publicidade, bem aproveitada no período da primeira invasão britânica aos Estados Unidos, no anos 1960.

A dicotomia. Como quando Stones e Beatles polarizavam a juventude, de uma hora para outra, o Reino Unido estava divido entre Oasis e Blur. O primeiro formado por representantes da classe operária de Manchester (tendo Noel Gallagher até trabalhando como pedreiro). O outro, um grupo de jovens de classe média que, em suas letras, aborda a liberdade repentina de uma geração que vivia o retorno de uma  toxicômana Swingin' London. 

Você sabe quem venceu essa disputa sem sentido. Provavelmente, você conheça muito mais músicas do Oasis do que do Blur. Principalmente após o disco "(What's the story) Morning Glory", dos irmãos de Manchester  e torcedores do City , os londrinos foram rebaixados ao status de coadjuvantes da banda que então era a sucessora do Nirvana no posto de símbolo maior do gênero. Apesar dessa gradação, ambos foram determinantes para a consolidação do Britpop, considerado por muitos o último grande movimento do rock 

Há dez anos, era inimaginável a presença de um holandês multicampeão europeu e do melhor jogador da última Copa no Campeonato Brasileiro. Com a estabilidade do torneio por pontos corridos e, principalmente, com a competitividade do nacional mais difícil do mundo, hoje Seedorf e Forlán atuam no Botafogo e no Internacional, respetivamente. Não somente pela magnanimidade dos 12 maiores times do Brasil.

É também em virtude desse nível semelhante dos presentes na Série A que a renda da TV dada os clubes é tão suntuosa. A dificuldade que os clubes pequenos representam para os grandes é fundamental para a formação de um bom Brasileirão. Por isso o caráter absurdo da tentativa de virada de mesa do Fluminense, que está em curso e será julgada amanhã. Encaradas como pormenores, as presenças de agremiações como a Portuguesa também fomentaram esse processo de fortalecimento do campeonato nos últimos anos.

Caso realmente tenha havido irregularidade, que seja aplicada uma multa fortíssima, sem consequências para os resultados conseguidos dentro do campo. Se o contrário for feito, estará sendo confirmada a premissa de que, com todo esse contexto burocrático, mais vale ter um bom advogado do que um bom time (o que o tricolor não teve durante o turno e o returno). Tirar a Lusa da primeira divisão será tão cruel como ignorar a relevância do Blur no renascimento do rock na Inglaterra, simplesmente por ele não ter sido o hegemônico.

Por Helcio Herbert Neto.                                                                        

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Horror em Eldorado

    (Divulgação) Obras no Maracanã e aumento no preço dos ingressos previam futuro de riqueza: no ano da Copa, pelo menos um clube estará na Segundona.

Aqui, ouro brota do chão. Ou melhor, dos pés, cálidos, que neles buscam apoio entre chutes, saltos e piques. Como duvidar da fonte inesgotável de riqueza que chega sem esforço dos engravatados atrás da mesa? Como questionar o futuro retorno de tudo que nos campos vastos daqui é investido, com capital público ou privado, emocional, material ou especulativo? Isso é coisa de românticos. Antipatrióticos. Congelados em um tempo pretérito que não existe, dizia a maioria.

Pois bem. No seio da Copa, terra em que bilhões foram investidos no esporte que parecia ser um veio inesgotável de dinheiro, luxo e status – desses, um bilhão investido só na depravação arquitetônica do velho palco maior do futebol  não existiria frustração maior do que o recorde de times grandes de tal território longe da principal divisão nacional da cerimônia herética de sublimação por meio dos gols.

No ano do Mundial, o Rio não terá pelo menos um de seus grandes na Séria A. Se o Coritiba vencer o seu jogo na última rodada do Brasileirão deste ano, Vasco e Fluminense descem a ladeira. Sendo o último o atual campeão brasileiro. Assim, na cidade da final da grande competição esportiva internacional, apenas metade de seus mais vitoriosos estarão entre os vinte melhores do ano que vem.

Apesar de "conhecedores" das políticas públicas (que incluem a "modernização" do Maracanã, em âmbito estadual, e a concessão de terrenos para a criação de centros de treinamento dos clubes profissionais, em âmbito municipal) e das ditas progressistas políticas privadas (como aumento dos abusivo dos preços mínimos dos ingressos, planejamentos pecaminosos com treinadores caríssimos e jogadores do exterior), o Cristo Redentor não abençoará a melhor das temporadas dos cariocas no ano mais importante desde 1950.

E é apenas o primeiro dos impactos sensíveis nos resultados esportivos de todo os planos que a cúpula que comanda o futebol no Rio. Das críticas, todas, que foram feitas aos que se manifestaram contra todo esse processo, talvez a mais dolorosa, injusta, tenha sido a de que esses, que enxergam o abissal dessas medidas, não são apaixonados pelo futebol.

Talvez nos leitos do Rio de Eldorado continuem a correr pepitas de ouro. É provável. É inegável, contudo, o nocivo que, com esses rumos, o futebol fluminense (e brasileiro) toma.

Por Helcio Herbert Neto.