segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Horror em Eldorado

    (Divulgação) Obras no Maracanã e aumento no preço dos ingressos previam futuro de riqueza: no ano da Copa, pelo menos um clube estará na Segundona.

Aqui, ouro brota do chão. Ou melhor, dos pés, cálidos, que neles buscam apoio entre chutes, saltos e piques. Como duvidar da fonte inesgotável de riqueza que chega sem esforço dos engravatados atrás da mesa? Como questionar o futuro retorno de tudo que nos campos vastos daqui é investido, com capital público ou privado, emocional, material ou especulativo? Isso é coisa de românticos. Antipatrióticos. Congelados em um tempo pretérito que não existe, dizia a maioria.

Pois bem. No seio da Copa, terra em que bilhões foram investidos no esporte que parecia ser um veio inesgotável de dinheiro, luxo e status – desses, um bilhão investido só na depravação arquitetônica do velho palco maior do futebol  não existiria frustração maior do que o recorde de times grandes de tal território longe da principal divisão nacional da cerimônia herética de sublimação por meio dos gols.

No ano do Mundial, o Rio não terá pelo menos um de seus grandes na Séria A. Se o Coritiba vencer o seu jogo na última rodada do Brasileirão deste ano, Vasco e Fluminense descem a ladeira. Sendo o último o atual campeão brasileiro. Assim, na cidade da final da grande competição esportiva internacional, apenas metade de seus mais vitoriosos estarão entre os vinte melhores do ano que vem.

Apesar de "conhecedores" das políticas públicas (que incluem a "modernização" do Maracanã, em âmbito estadual, e a concessão de terrenos para a criação de centros de treinamento dos clubes profissionais, em âmbito municipal) e das ditas progressistas políticas privadas (como aumento dos abusivo dos preços mínimos dos ingressos, planejamentos pecaminosos com treinadores caríssimos e jogadores do exterior), o Cristo Redentor não abençoará a melhor das temporadas dos cariocas no ano mais importante desde 1950.

E é apenas o primeiro dos impactos sensíveis nos resultados esportivos de todo os planos que a cúpula que comanda o futebol no Rio. Das críticas, todas, que foram feitas aos que se manifestaram contra todo esse processo, talvez a mais dolorosa, injusta, tenha sido a de que esses, que enxergam o abissal dessas medidas, não são apaixonados pelo futebol.

Talvez nos leitos do Rio de Eldorado continuem a correr pepitas de ouro. É provável. É inegável, contudo, o nocivo que, com esses rumos, o futebol fluminense (e brasileiro) toma.

Por Helcio Herbert Neto.                                                                        

Nenhum comentário:

Postar um comentário