segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Insuportável






Esta é, para mim, de longe, a pior época do ano. A menos que você esteja de férias, com grana, e num lugar bem longe daqui, você está - uns mais, outros menos – em apuros. Todo aquele papo paz, amor e renovação do Natal e do Ano Novo já ficou para trás na primeira semana de trabalho sob o sol de 2014 graus na sombra.

O calor abusivo em tempo integral frita as pessoas e torna o dia a dia mais caótico do que ele já é normalmente (lembremos que o ‘normal’ também é quente, e isso explica quase tudo sobre nós). Os motoristas kamikazes ficam ainda mais kamikazes e fazem subir a frequência de brigas com velhinhas psicopatas, tias barraqueiras e taxistas à beira de um colapso. Se você está no centro da cidade, é possível ver o Demônio tomar forma no vapor que sobe do asfalto e chicotear aquelas pobres almas a vagar em combustão de terno e gravata. Esse é um dos piores cenários, mas isso não significa que os outros sejam bons. Pelo contrário. A praia lotada é um pesadelo quase tão grande quanto ter que trabalhar impecável.

O ar condicionado não dá vazão, a piscina fica morna, o chuveiro precisa de dez minutos para se tornar aceitável, a pele está sempre adesivada na cadeira ou na cama, as pessoas se tornam menos atraentes, as flores torram, as frutas estragam. E a cerveja, ah não, a cerveja está quente ou choca. O horário de verão nos empurra mais uma hora de sol e faz com que os dias se arrastem pachorrentos e estejamos sempre muito, muito putos .

Tudo isso é muito complicado, mas o que torna as coisas realmente desesperadoras nesta época é a abstinência de futebol. Tá bem, quase todos os campeonatos do mundo já retornaram ao seu calendário normal, mas nós sabemos que não é disso que estou falando. É  ficar sem ir ao estádio, sem ter aquela rotina de meio e fim de semana, mesmo que seja só para sacanear o amiguinho. Não tenho outro esporte, outro time, outra temporada paralela pra torcer. Eu quero futebol. E eu quero perder a paciência com os meus jogadores.

É uma aflição, sobretudo porque, apaixonados e vorazes que somos, nos rendemos às especulações cretinas do ainda mais cretino mundo do jornalismo. E pouca coisa acontece de fato. E estamos nós clicando em sites e blogs esportivos com uma frequência doentia. E nos pegamos analisando minuciosamente as carreiras e o potencial de possíveis reforços, mapeando o mercado como se estivéssemos a serviço do clube, estudando as novas peças e a forma como elas se encaixarão, e projetando todos os resultados da temporada sem ter visto um único toque na bola neste ano que começa.

Para piorar, PES 2014 é um fracasso e eu ainda não tive coragem de me render ao Fifa, o que me afastou dos gramados virtuais também.

Por favor, me deem logo essa Libertadores. E me deem na veia.




Por Beto Passeri.