quinta-feira, 29 de março de 2012

Uma correção na História






















- Pela porta dos fundos, por favor - Foi assim com os grandes, os maiores. Por lá passaram o Precioso Negro, o Maior zagueiro do Brasil, o Mestre, o Eterno Camisa Dez. Todos eles não tiveram a Lagoa Rodrigo de Freitas como paisagem da fotografia final de uma passagem brilhante pelo Rubro-Negro da Gávea. Longe dos aplausos e da histeria dos fãs, esses gênios ouviram, no momento derradeiro, desaforos da diretoria, acusações injustas. Não obstante, o recente retorno de uma das mais carentes figurass do futebol ao Flamengo pode suavizar o histórico de tristes fins pelos quais padecem os idolatrados vermelhos e negros.

O jogo de vaidades que ocorre dentro do Flamengo já sacrificou mitos; botou últimos capítulos lastimáveis nas mais belas estórias de craques. Devido a volúpia que toma os acontecimentos que acontecem sob o manto sagrado, a briga de egos e a disputa por poder acabam por implodir relações perenes, causando mágoa e dor. Está na História do Clube, pode conferir. A lista dos maiores jogadores traz sempre um asterisco, um porém, muito devido ao desfecho das passagens pelo clube.

O primeiro a padecer do supracitado mal foi Leônidas. Precursor do fenômeno da idolatria, do fanatismo no esporte, o Diamante Negro teve no Flamengo o ponto alto de sua carreira futebolística. Durante sua jornada com a camisa vermelha e preta, uniu uma legião de torcedores à já populosa nação Rubro-Negra (sim, Leônidas da Silva tinha torcida própria, maior do que muitos clubes da época). Entretanto, após briga com a diretoria do clube, que via na figura audaz daquele jogador uma afronta aos preceitos da preconceituosa aristocracia carioca da época ("um ídolo negro? Deus me Livre!"), o maior jogador da época transferiu-se para o São Paulo.

Depois foi a vez do seu companheiro de time, Domingos da Guia. Considerado o maior zagueiro brasileiro da história, Domingos era amado pela massa de torcedores que lotava os estádios onde o flamengo jogasse, não importando a localização. Apesar de tudo, de todo o sentimento e toda magia que rondava o futebol do defensor, membros da diretoria brigaram de maneira ríspida com o atleta. Resultado: para Bangu foi Domingos encerrar sua carreira no mesmo time que o revelou.

A mais trágica das passagens de encerramento da trajetória de craques foi escrita na carreira de Zizinho.  Depois uma carreira brilhante no Flamengo e a conquista do tricampeonato carioca, o primeiro depois da conquista Homérica de um Moderato ensanguentado, o Mestre Ziza foi negociado em uma obscura trama que teve o turfe como plano de fundo. No Jockey Club da Gávea, o maior meia daquela geração (a posição na época não tinha esse nome, mas a função exercida pelo Camisa 5 da Copa de 50 era exatamente a que Xavi exerce hoje no Barcelona) foi para o Bangu contra sua vontade.

Outros casos apenas confirmam a usual forma de agir dos inúmeros comandantes que passaram pelo o time mais popular do Brasil; a saída de Zico é um exemplo ímpar. Apesar do retorno em momento posterior, a despedida para Udine em lágrimas é uma imagem que lateja no coração dos torcedores. A demissão conturbada de Romário, embora tenha acontecido após uma trajetória que angariou poucas taças, também ratificam a linha de administração dos mandatários do time.

E agora, no princípio da segunda década dos anos dois mil, um suburbano, amparado no anseio popular, sabota o velho hábito dos dirigentes. Não que eles não tenham tentado; exatamente o avesso disso. Ano passado Adriano se candidatou, a diretoria e a comissão técnica urraram em coro uníssono a negativa. Contudo, passados fracassos sucessivos do time em 2011 e 2012, o Imperador de Milão retorna nos braços do público. O clube abre suas instalações para a recuperação do Homem por trás do mito, para a regeneração pessoal e profissional do ex-morador da Vila Cruzeiro.

Pelas mãos da torcida o Imperador é reconduzido ao grupo do Flamengo e traz consigo pena umedecida, disposta a escrever na lauda da gloriosa história do Rubro-Negro o mais belo fascículo de redenção. Para isso, somente resta ao atleta recolocar a coroa de louros na cabeça e voltar a mostrar o futebol que encantou o planeta e o transformou no único Imperador que alcançou a apoteose devido ao clamor popular. Tal mudança histórica agora depende simplesmente do esforço e da dedicação de Adriano.









Por Helcio Herbert Neto.


3 comentários:

  1. AIAIAIAI O FLAMENGO TA FICANDO UM TIME PESADOOOOOO!!!

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  2. Se cada flamenguista do Brasil quiser, podmos mudar essa diretoria!!!! Galinho neles!!

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