quarta-feira, 23 de março de 2011

Nostalgia precoce


O futebol, assim como a vida de uma maneira geral, é tomado de saudosismo e nostalgia. Lembranças mitificadas de um passado glorioso sim, mas nunca melhor que o presente. Difícil explicar esse fenômeno, se é que ele tem explicação. Quanto mais velho você fica, mais você gosta de louvar jogadores que os mais novos não viram; seja por crer que eles realmente jogaram mais ou só para se sentir minimamente superior.

Da mesma forma como para os pais e avôs é prazeroso dizer que em suas épocas brincavam nas ruas, seguros, e isso era infinitamente melhor do que o enclausuramento dos videogames e computadores de hoje, é fácil para os filhos e netos ignorar as histórias de Garrincha, Jairzinho, Gérson e outros tantos (não falo de Pelé porque ele se encontra acima do bem e do mal), alegando que o futebol atual é muito mais competitivo e aquele blá, blá, blá de sempre.

Cheguei à conclusão de que não sentimos falta do futebol em si de um jogador ou de outro; sentimos falta da imagem daquela pessoa, do símbolo que aquele personagem representava, da forma única como jogava e de sua camisa própria, sua marca, como a dos super-heróis.

Quando falamos dos tops da história desse esporte mágico, não podemos falar de ser mais ou menos jogador, ter mais ou menos futebol. Por mais imparcial que o observador se diga, qualquer opinião vai ser influenciada por paixão e nada mais.

Se for flamenguista, Zico terá sido melhor que Maradona; se for argentino (sobretudo boquense), o contrário. Se for zagueiro nas peladas de fim de semana, pode preferir Beckenbauer a Cruijff, o que um outro mais ousado achará um absurdo. Se for avô, Garrincha; se for neto, Ronaldinho Gaúcho, e por aí vai. Isto só comprova que, como a vida, o futebol não tem verdade absoluta.

Essas palavras sobre nostalgia eram para ser poucas, que me levariam a falar de um jogador especificamente, mas escrever sobre futebol me entretém tanto quanto um bom jogo, então não me policiei o suficiente e deixei a bagunça fluir um pouco por aqui. No próximo post chego aonde queria. Até breve!


Por Roberto Passeri

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