quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Ronaldo; Tragédia e Farsa



















“Todos os fatos e personagens de grande importância do Mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes (...) a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa” *. A partir desse modo de interpretar os acontecimentos, pode-se analisar a carreira estrelar daquele que foi o Camisa Nove da Seleção Brasileira por uma década.

Ronaldo estava no ápice. Era o mais decisivo, mais encantador e mais elogiado jogador de futebol do Planeta. Contudo, essa fase impressionante do atleta foi interrompida por uma lesão gravíssima.

A contusão que vivera era aterrorizante, levara a questionar se ele voltaria a andar sem seqüelas. Para a recuperação, era demandado um longo tempo de dedicação. Após esse tempo que parecia não passar, após as exaustivas seções de fisioterapia, após a perda de quase todas as esperanças, ocorreu o inesperado: Ronaldo Brilhou.

Na Copa de 2002, ele liderou seu país na conquista do Mundial, foi novamente extraordinário. A Terra assistiu pelos televisores a revira-volta pela qual a vida daquele indivíduo passou, admirando o espetáculo da superação humana.

Depois a primeira Copa do século, ele prosseguiu tecendo sua carreira, seguiu sua vida. Continuava a ser uma estrela,com salários astronômicos, com belas apresentações nos gramados e com todo o Glamour de um astro. No entanto, mais uma lesão grave surgiu em seu caminho.

E a história se repete. O personagem se aproxima do fim da carreira, voltam as cenas em hospitais, o martírio da fisioterapia, a dor. Quando tudo, mais uma vez, se mostra obscuro e adverso, o Camisa Nove triunfa.

Ao retornar ao Brasil, pratica um semestre de futebol de alta qualidade. Calando os críticos, leva o seu time a duas conquistas, sendo uma delas em âmbito nacional. Entretanto, nesse segundo momento, a conjuntura já não similar aquela vivida em 2002.

Longe dos grandes palcos mundiais, com mais idade e acima do peso, Ronaldo já não compõe aquele espetáculo. Sem ter como platéia toda a população mundial, o jogador apresenta um crescente desconforto com a realidade. Apesar de mais uma bela lição dada aos pessimistas, o craque não se mostra satisfeito.

Como conseqüência, surge uma desmotivação visível no ídolo. Sua marca registrada, o sorriso, torna-se escasso, quase quinzenal. Dessa maneira, ele já não apresenta aquele élan nos treinamentos o que contribui para a deteriorização de seu condicionamento e, por conseguinte, para fracas apresentações nos jogos de seu time.

Portanto, Ronaldo apresenta-se atualmente como farsa de si mesmo. Longe daquela estrela que foi capaz de mudar uma situação dificílima, o jogador definha perante as câmeras. Hoje, o Camisa Nove é apenas uma sombra sentada à beira do caminho, à espera de um fim de carreira apoteótico.



* Trata-se do trecho inicial do 18 Brumário de Luís Bonaparte, de Karl Marx.



Por Helcio Herbert Neto.

Um comentário:

  1. Muito bom o texto.
    O Ronaldo está 'atuando'(acredito eu) devido a contratos,que acabam denegrindo a imagem que ele própio construiu...
    Acredito que para mim e para milhões de brasileiros preferimos lembrar daquele Ronaldo 'cascão',do Ronaldo da superaçao e acima de tudo,do talento.

    ResponderExcluir