quinta-feira, 5 de abril de 2012

Memória de Minha Puta Triste



Esta crônica não é tão célebre quanto o romance de García Márquez, mas também fala do amor entre um homem e uma meretriz. A diferença, aqui, é que o personagem centenário é a cortesã, enquanto o papel jovial e quase inocente cabe a quem se identificar.

Culpar o quê? As falhas de André Bahia e Fabiano Eller em 2004? Abel? Incriminar Héctor Baldassi em 2007? Em 2008, o problema foi o salto alto, a festa de despedida para Joel. E em 2010, o talento de Montillo foi o culpado? E ontem, pergunto novamente, o que houve? Outra vez Joel ou a displicência de todo um elenco? Não existe explicação.

Todos estavam lá como vilões, mas poderiam ser herois. Estavam lá para desenhar a história, para serem pegos no flagrante na cama da prostitua e colocar à prova um amor ridículo, que é 90% sofrimento e 10% prazer. A história foi escrita dessa forma para você questionar se vale a pena.

Não, é óbvio que não vale. Você escolheu errado. Havia mil virgens de família e tu optaste pela vadia. Não há volta, só há o consolo de ser mais um em 35 milhões. O que te faz pensar se é você que faz a diferença, se é você que ela gosta mais. Também não. Nada em troca; pelo contrário, você paga e sofre. É torturado um ano por um dia de orgasmo.

Não espere um afago, uma virada no texto que vos parabenize por conseguir, acima de tudo e todos, manter o amor intacto. A relação apaixonante, blá, blá. Grande merda. Somos iguais, então, ao corno que senta no bar e se orgulha de contar para os amigos que perdoou a sem vergonha que tem em casa.

‘‘Quantas vidas nós vivemos? Quantas vezes nós morremos? Dizem que todos nós perdemos 21 gramas no exato momento de nossa morte. Todos. E quanto devem ser 21 gramas? Quanto se perde?’’.

E morremos em cada decepção. Deixamos o peso de nossa alma – 21 gramas – ir embora a cada silêncio quando a noite era de festa. A cada lágrima quando o dia pedia sorrisos. A cada cabeça inchada quando esperávamos fogos. Mas a memória é curta, e renascemos num simples clássico sem valor. Perdoamos a traição da biscate por causa de um singelo café da manhã na cama. E aí ela deita e, desse sexo desenfreado, surgem mais alguns milhares de imbecis que manterão, para sempre, a maior Nação de apaixonados do planeta.

Eu queria poder não ser Flamengo, mas nasci assim, e, como todo bom idiota, me orgulho disso.





Por Beto Passeri.

3 comentários:

  1. Betinho, mais um Lindo texto.
    Brets.

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  2. Gostaria de ser sua namorada um dia pra receber lindos poemas como esse.
    Frodinho.

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