quarta-feira, 6 de abril de 2011

Futebologia Entrevista: Patrícia Amorim



Foto: LAB. E (Laboratório Esportivo)


Futebologia - Patrícia, como é gerir um clube do tamanho do Flamengo? Você fala muito da torcida como maior patrimônio, mas a pressão atrapalha bastante, não?

Patrícia Amorim - É uma responsabilidade e um desafio muito grande. Principalmente para mim, que vivo há quase quarenta anos dentro deste clube. Mas tudo depende da maneira como você encara as coisas. Não me incomodo com a pressão e com o que acham de mim, vou sempre fazer o que for melhor para o Flamengo. Esse é o meu objetivo e esta é a minha missão enquanto for presidente.

Futebologia - É difícil lidar com o sistema “parlamentarista” do clube [muitas pessoas influentes na política interna]? Qual é o tamanho da burocracia para a tomada de decisões?

Patrícia Amorim - A burocracia é grande, sem dúvida. Mas quando fui eleita sabia que seria assim. Tudo o que faço é de forma transparente. A caneta é da presidente, mas quando envolve dinheiro tudo passa pela aprovação do conselho [risos].

Futebologia - Existe alguma ideia para tornar a política do Flamengo mais próxima do que é a do Internacional e a do São Paulo por exemplo, onde sócio-torcedores tem participação ativa no dia-a-dia do clube?

Patrícia Amorim - É uma ideia, mas para isso seria necessária uma mudança no estatuto [do clube]. É uma longa discussão...

Futebologia – Então vamos falar de Adriano [risos]. Qual foi o real motivo da rejeição por parte da diretoria do Flamengo à contratação do Adriano? Isso foi um consenso?

Patrícia Amorim - Traçamos um planejamento no início do ano que era trazer o Ronaldinho Gaúcho e conseguimos cumprir com este objetivo. O Adriano não fazia parte do projeto traçado pelo departamento de futebol. É claro que bons jogadores sempre interessam ao clube, mas o Adriano, no momento, não foi cogitado por nós.

Futebologia - Mas você, diferentemente de alguns membros da diretoria e do próprio técnico, Vanderlei Luxemburgo, nunca disse que era contra [a contratação de Adriano]. Chegou a ser falado na imprensa que você estaria tentando convencer o Vanderlei a mudar de ideia.

Patrícia Amorim – [Cortando.] A história não é bem assim. Nunca tentei convencer o Vanderlei de nada. Apenas dissemos a mesma coisa de maneiras diferentes.

Futebologia - Cogitou-se a hipótese de fazer um contrato de risco como o que o Corinthians fez?

Patrícia Amorim – Não. Como disse anteriormente, o Adriano não fazia parte do planejamento do clube [enfática].

Futebologia - Acha que o Vanderlei errou ao assumir, publicamente, que não era favorável à contratação? A torcida acabou por pegá-lo como bode expiatório nesta história...

Patrícia Amorim – Não considero um erro. Os protestos da torcida são normais. A torcida é passional, age com o coração. Nós precisamos pensar no que é melhor para o clube.

Futebologia - Até onde vai sua influência, digamos assim, no futebol do Flamengo? Existe algum nome forte que banque decisões, como o Luiz Augusto Veloso [diretor de futebol] por exemplo?
Patrícia Amorim - Todas as decisões do futebol são tomadas em conjunto. A comissão técnica avalia e, se necessário, faço minhas intervenções.

Futebologia - Patrícia, você está quase na metade de seu mandato e já passou por caso Bruno, problemas com o próprio Adriano em 2010 culminando na saída do Andrade e do Marcos Braz, passagem conturbada de Zico pela diretoria do clube, contratação de Ronaldinho Gaúcho e até entrega de camisa para Barack Obama. Essa adrenalina chamada Flamengo te faz pensar em reeleição? Ou acha que seria estressante demais?

Patrícia Amorim – [Pausa.] Trabalho em cima de pesquisa. Se no momento certo achar que tenho condições de participar de uma nova eleição, entrarei na disputa. Mas, caso contrário, vou continuar dando a minha contribuição para o clube como dei durante todos esses anos. Amo o Flamengo, independente do cargo que eu esteja exercendo.


Por Roberto Passeri.

Um comentário:

  1. Opa! A coisa tá ficando boa nesse blog aqui, hein? Sugestão de pauta: cadê os dirigentes todos que, na hora de roer a corda do clube dos 13, foram à mídia com pompa e circunstância e agora, assinados com a Rede Globo (por valores não-divulgados) até 2015, não aparecem para prestar justificativa?

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