segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Série Marginalizados: Las Brujas



Ao som de: Maná/Santana - Corazón Espinado


Era final da década de 60, e a Argentina vivia um momento político-social conturbadíssimo, assim como quase toda a América do Sul. O golpe militar de 66, que derrubou o presidente Arturo Illia, autodenominou-se “Revolução Argentina”, porém a revolução dos hermanos era outra, e ocorria bem longe da Casa Rosada.

Juan Ramón Verón era o astro maior da equipe do Estudiantes de La Plata que revolucionou o futebol argentino com suas conquistas. La Bruja (“A Bruxa”), como ficou conhecido pelo formato do nariz, conduziu a equipe “pincharrata” ao tricampeonato da Taça Libertadores (68, 69, 70) e ao maior título da história do clube, o Mundial Interclubes, em 68.

Ramón Verón fazia legiões de fãs carregando a bola da esquerda para o meio em velocidade, levando-a de fora para dentro em verdadeiros gols de placa. De fora para dentro também levava o Estudiantes pelo país: de Ciudad de La Plata para Buenos Aires, quebrando o domínio hegemônico dos clubes da capital.

Anos depois, com a estirpe futebolística nos genes, nascia Juan Sebastián Verón, no mesmo dia em que seu pai havia marcado o gol da vitória do Estudiantes num clássico contra o eterno rival, Gimnasia La Plata, em março de 75. Fanático desde pequeno pelo Estudiantes, Juan Sebastián cresceu ouvindo histórias de conquistas do pai e, aos 19 anos, já estreava com a camisa profissional do clube amado, ainda que cedo fosse levar seu talento para fora.

Juan Sebastián, ou La Brujita – diminutivo do apelido do pai – atuou ao lado dos melhores jogadores do mundo e colecionou títulos nas seis temporadas em que atuou na Europa, entre eles um Campeonato Inglês pelo Manchester United e um Italiano, pela Internazionale. Também participou do fracasso da Seleção Argentina na Copa de 2002 e, como grande parte desse time, foi subestimado.

Aos 31 anos e sem achar seu bom futebol, Juan Sebastián deixou de lado o contrato milionário com a Internazionale e voltou para casa, em busca do sonho de infância e de cumprir sua “missão”. A mesma alcunha, a mesma camisa 11, o mesmo destino. La Brujita reencontrava seu futebol maestrino ao longo da competição, e a Taça Libertadores cada vez mais parecia reencontrar o seu destino: La Plata, Las Brujas.

E assim foi. Trinta e nove anos depois de atuações épicas de Ramón Verón conduzirem os “pincharratas” a conquista da América, Sebastián Verón selou categoricamente seu destino, como se o Estudiantes tivesse parado no tempo para esperar o surgimento de seu mais novo heroi, ou melhor, de sua mais nova bruxa.


Por Roberto Passeri.

4 comentários:

  1. felicitaciones Beto, excelente narracion de algo tan grande para nosotros los pincharratas, LAS BRUJAS !!
    un abrazo desde Argentina

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  2. QUERO VER RETRATAR NESSA SÉRIE MARGINALIZADOS , O ASSIS , CARRASCO DO MENGAO !

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  3. Naz? Até que essa é uma boa ideia! Não nos incomodamos hahaha!

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  4. Tava demorando...
    La brujita merecia um destaque no blog,agora só falta a dupla eltinho/vandinho...
    Mas sério agora,muito bom os textos...
    Como apreciador do blog e vendo que vocês mesclam situações cotidianas com o paixão de todo brasileiro que é o futebol.
    Gostaria de ver situações atuais como o bombardeio norte-coreano a sua 'co-irmã' ou sobre os últimos acontecimentos no Rj que vem dando o que falar...Enfim,sugestões apenas e obviamente mescladas com o futebol...
    Parabéns pelo blog,estão de parabéns

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