sábado, 27 de novembro de 2010

Palmeiras e os Dez Anos de Decepção



Desde a Academia de Ademir da Guia não se via um Palmeiras como aquele. Na década de Noventa, a equipe da colônia italiana em São Paulo Ganhou quase tudo. Foram anos dourados, incontáveis craques e títulos infindáveis. Contudo, o que ocorria por trás dos bastidores passava desapercebido.

O volume de dinheiro que transitou pelos clubes brasileiros naqueles anos é imensurável. Fundos de investimento como a Hick & Muse e a ISL despejaram milhões de dólares no mercado futebolístico verde e amarelo. Com a globalização e a procura por novos mercados, o esporte mais querido do país se tornava um sedutor alvo para investimentos estrangeiros.

Na época, havia uma crença na formação de uma liga, tal qual a NBA norte-americana, para abrigar o melhor campeonato de futebol do Planeta. O Clube dos Treze, que reúne os treze maiores clubes do Brasil, seria a base para essa revolucionária empreitada. Não obstante, os investidores não tinham levado em conta quem eram os responsáveis por administrar esse infindável fluxo de capital.

Os Cartolas, figuras folclóricas no país, teriam essa tarefa. Eles são a representação mais fidedigna do retrocesso do futebol nacional. Com a péssima maneira com a qual essas figuras conduzem suas equipes, o mercado brasileiro foi se mostrando cada vez menos atraente e o sonho de uma glamorosa liga, cada vez mais inatingível.

Entretanto, a falta de capacidade de gestão desses dirigentes é tão assustadora que eles não foram capazes de notar a escassez iminente dessas fontes financeiras. Com isso, endividaram os clubes com cifras impossíveis de serem pagas. Os atletas começaram a sentir no bolso tal incompetência da administração, uma vez que até mesmo seus salários foram deixados de ser pagos.

Nesse horizonte, o Palmeiras também foi perdendo jogadores, glamour e a posição de destaque internacional que alcançara. Além de todo caos financeiro, ainda ocorreu internamente uma briga incessante entre oposição e situação. Com todas essas mazelas, o tradicional clube não resistiu: em 2002, o Verdão foi rebaixado para Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro.

Por mais que o time tenha subido para a divisão principal no ano seguinte, as coisas em pouco mudaram. A péssima estrutura que impera no Palestra Itália ainda é fruto dos inconseqüentes gestores e dos mal administrados milhões que estiveram no Palmeiras na década anterior.

Com isso, tornam-se mais compreensíveis os péssimos resultados recentes dessa agremiação. Uma análise superficial pode delegar aos aspectos técnicos e táticos a causa de tantos fracassos. No entanto, reside na incompetência dos gestores a causa dessa estiagem de títulos de grande importância.

Por Helcio Herbert Neto

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