Chega de jogos sonolentos, do martírio que se transformou (ou foi transformado pelos burocratas que tomam conta do esporte) o futebol nesse verão. Recomeça nessa segunda semana de Fevereiro a apresentação dos grandes times brasileiros nos nem sempre bem-cuidados tapetes verdes. É chegada a hora de voltar a se emocionar, de reencontrar as respostas perdidas do cotidiano no urro uníssono do gol e da vitória. Hora também de encontrar questões e soluções dentro das quatro linhas que possam iluminar, por que não, a vida humana, seja na esfera pública ou privada.
É verdade que os Campeonatos Estaduais têm sua beleza. Ver a bravura de atletas e torcedores de clubes menores que, apesar de abatidos por todas as situações adversas que suas condições lhes impõem, permanecem a batalhar, é encantador. Entretanto, a administração negligente das federações e clubes acaba por apagar até mesmo as raras faíscas de encanto que esses torneios possuem. O espírito aguerrido dos fanáticos pelos mais humildes clubes, por exemplo, a cada ano, está mais escasso, visto que os estádios mais modestos ou são interditados ou apresentam preços que não estão de acordo com a realidade do (ainda) subdesenvolvido Brasil.
A falta de comprometimento dos jogadores dos times grandes também auxilia a tarefa que os responsáveis pelos campeonatos regionais tomaram para si de prolongar, velada e erradamente, as férias dos profissionais de futebol. Só um flamenguista sabe o quão duro é ver um jogador como Ronaldinho se esconder na sombra da bandeirinha de escanteio, apenas um botafoguense sabe como é doloroso ver o voluntarioso Loco Abreu se esquivar de divididas, caminhar em campo. Aconteceu no clássico de domingo, mas também nas rodadas anteriores. Se para nós, que assistimos confortáveis aos jogos, a partida desce como uma pílula de Maracujina, para os homens que ali correm, sob o Sol impiedoso da mais quente estação tropical, os noventa minutos tem efeito purgante.
O que será dito agora todos os envolvidos no meio já sabem, porém, tendo em vista a inércia que assola a estrutura do primeiro semestre do futebol tupiniquim, não custa nada reforçar. O calendário esquizofrênico do início do ano está enfraquecendo os intensos laços que ligam as agremiações de menor porte com a população apaixonada que as abraça. Em vez de incentivar a perpetuação dos Estaduais, quem os defende do modo atual está contribuindo para a sua extinção. Sob nosso olhos, vagarosamente, definham os torneios que deram início ao amor do país ao esporte que risca o gramado com uma bola nos pés. É necessária a diluição das partidas durante o ano, defendendo a manutenção das estruturas dos clubes menores ao longo dos doze meses, e a diminuição no número times nas primeiras divisões. Atualmente, cariocas e gaúchos assistem 16 times lutando pelo título. Em São Paulo são 20.
Todavia, finalmente, começa a fase de grupos da Copa Libertadores e, aos poucos, é dissipada a monotonia. Depois da gélida fase preliminar que Flamengo e Internacional tiveram de passar, é dada a verdadeira largada para disputa do mais importante troféu do continente. Terça-feira, no Engenhão, o Fluminense enfrenta o Arsenal de Sarandí e injeta ânimo no cenário do futebol, fatigado pelo longo período de sombras que tomou conta desses ares. É hora do reinício.
Olá, Futebol. É bom tê-lo de volta.
Por Helcio Herbert Neto.
Bom dia Helcio.Para quem viu os Estaduais incendiarem o país,fomentar as rivalidades sadias entre clubes e Estados,é uma tristeza sem par olhar,hoje,no que se transformaram.Houve uma época que nem Libertadores,nem Brasileiro,ou qualquer outro campeonato de maior monta,substituia no coração do torcedor,a alegria da vitória num Estadual.
ResponderExcluirPerderam o sentido e,por conta de interesses medíocres,se arrastam madorrentos e sufocam os times menores.
Que venha a Libertadores e nos acorde deste cochilo enjoativo feito sob o sol impiedoso de um horário torto.Abraços,Anna Kaum.
Nunca se coloca no mesmo patamar campeonatos diferentes!
ResponderExcluirOs estaduais são um lixo no resto do Brasil, mas não temos culpa nisso!
VIVA O PAULISTÃO!!!