domingo, 5 de dezembro de 2010
Lá se vai um ano...
Flamengo Campeão Brasilerio de 2009
Fora um ano quadrado, de imutáveis e aparadas arestas.A rotina massacrante desgastara a massa parda que ocupava o território de São Sebastião.Tudo conspirava para que o período natalino fosse apenas um prenúncio de mais um ano seco,quente e comum.Tudo,não todos.
Foi quando no primeiro fim de semana de Dezembro, algo ocorreu.O povo muniu-se de uma armadura rubro-negra e lotou o Coliseum tupiniquim até transbordá-lo,levando aquele espírito a todas as ruas do subúrbio,contaminando até mesmo as nobres castas moradoras das regiões litorâneas do sul.
Inevitável seria a explosão daquela mistura entre a mulata tonalidade da pele daquele povo e o quente sangue, resultado do calor dos trópicos. No entanto, seria aquele o dia?Seria aquele o momento em que o processo químico chegaria a derradeira conseqüência?Cegos céticos cerravam suas esperanças, negavam o futuro claro que estava diante seus olhos.
Deu-se início ao processo. Um tal guerreiro tricolor,que sobrevivera aos Farrapos e aos Aflitos, tentava conter o momento de plenitude anunciado.Naquele dia não.Chega de sofrimento,chega de dor.E em um golpe fatal de gladiador nordestino,soaram as liras do paraíso.
A emoção foi capaz de fazer o Imperador chorar. A partir de então, a vitória era daqueles soldados do dia-a-dia, dos súditos que necessitavam daquela faísca luminosa de felicidade. Os bares lotaram em uma cerimônia hermética. Obviamente, o Deus do carnaval despejou confetes e euforia naqueles joões.
Um jovem desavisado de 17 anos , que mesmo não compreendendo,vivenciou tudo aquilo. Um sentimento incomum que a massa denominou alegria.
No dia seguinte restou-lhe apenas uma tosse rouca,uma voz seca e a certeza de que a vida valia a pena.
Por Helcio Herbert Neto
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