segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Lá se vai um Fantasma


Imagem Lancenet



Desde o reinicio do Brasileirão, após a Copa, Marcelo Lomba é o titular no gol Rubro-Negro. Contudo, o fantasma do Camisa Um Campeão Brasileiro de 2009 ainda ronda a pequena área do Urubu.

Debaixo do travessão, Bruno deixaria saudade em qualquer clube. Sua agilidade e seus reflexos conquistariam o respeito de qualquer torcedor. Entretanto, o mito que foi criado ao redor do jogador foi extremamente nocivo a ele próprio e ao Flamengo.Com o sucesso e a idolatria que recebia, aflorou no goleiro um intenso sentimento de onipotência. Tal sentimento fez com que ele se envolvesse em uma situação desastrosa em sua vida pessoal, afastando-o dos gramados.

Já o dano para o Clube repercute em qualquer esquina carioca. Ressentimento e vergonha ecoam em todos os cantos do Rio até hoje, inclusive na Gávea. O time anda cabisbaixo, abatido, sem aquele ímpeto dos Grandes Flamengos . Nem mesmo a volta de Zico, agora como Diretor de Futebol, reascendeu a velha chama.

E eis que surge Lomba. O herdeiro das luvas do exímio pegador de pênaltis e tricampeão carioca viveu um momento capaz de exorcizar o fantasma do antecessor. Depois da marcação duvidosa de uma penalidade máxima do Jovem Galhardo no atacante do Guarani, deu-se um ritual composto por um misto de clarividência e ansiedade.

Marcelo pulou de um lado a outro, gritando que iria defender a cobrança. A segurança que o flamenguista demonstrou foi capaz de intimidar o cobrador, induzindo-o a batê-la no meio das traves. Em um ato de perspicácia, Lomba escolheu um lado e deixou os pés na região central, impedindo o gol esmeraldino.

É fato que o Flamengo tomou a virada nos acréscimos. Todavia, é esse tipo de lance que marca um elenco, reerguendo a cabeça dos jogadores. Sem mais arrepios fantasmagóricos com o goleiro, o torcedor aguarda o reascender da chama Rubro-Negra.

Por Helcio Herbert Neto

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Líder Absoluto.




Ser taxado de Cavalo Paraguaio é algo em comum para alguns times brasileiros que começam muito bem a disputa do campeonato nacional, mas acabam perdendo força no decorrer do mesmo. Mas esse não parece o destino do Fluminense, atual líder do brasileirão. Comandado por Muricy Ramalho, eleito 4 quatro vezes( 2005, 2006, 2007 e 2008 ) melhor treinador do Brasil e recém convidado para treinar a seleção, o tricolor das Laranjeiras vem voando baixo no certame deste ano. Como é de característica, Muricy montou um time seguro atrás e com alto poder de decisão na frente. A zaga segura formada por André luis, Gum, Leandro Euzebio e a proteção do volante Diogo é a segunda menos vazada do campeonato, atrás apenas do Ceará. Nas laterais, Mariano e Carlinhos encontraram a maneira de jogar e vem se destacando, e Julio César parece estar recuperando o bom futebol jogado em 2009, quando atuava pelo Goiás. O meio campo dispensa comentários, Diguinho, Deco, que apesar de não estar 100% já mostrou que é um jogador diferenciado, e Conca, que está voando, comandam o meio tricolor. E o ataque ? Simplesmente o melhor da competição, com 28 gols. Com Emerson, jogando aberto, sempre em velocidade, sua principal característica, e com muita raça, Fred jogando centralizado, dentro da área, local que conhece como a palma de sua mão, e Whashington, que se colocado dentro da área, sabe fazer gols, é garantia de gols tricolores.


Depois de ser rebaixado para a segunda divisão, e em seguida para a terceira, parece que chegou a hora dos tricolores cariocas conquistarem o campeonato nacional, pela segunda vez.
A torcida vem comparecendo, os jogadores estão correspondendo, resta saber se a sorte também estará do lado do Fluminense até a última rodada.

Por Felipe Exaltação.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Série Marginalizados: Quatorze



Ao som de: Bold as love - Jimi Hendrix


Era a década de setenta e a juventude esperava um super-homem. Alguns aguardavam um cabeludo e barbado profeta, que elogiasse o Woodstock e ouvisse Jimi Hendrix. Outros esperavam um discípulo de Bakunin, de calças rasgadas, All Star preto e jaqueta de couro. Entretanto, os idealistas jovens desse período não foram capazes de notar diversas figuras que marcaram suas realidades, causando reflexões e revoluções, tal qual o fumante que vestia laranja e passeou pelo tapete verde do esporte mais popular do mundo.

O que ocorreu em 74 dispensa comentários. Em um show de futebol, de dinâmica e de elegância, os Países Baixos impressionaram o mundo da bola. Apesar da derrota, entraram no imaginário coletivo, nos sonhos daqueles que gostam do esporte. O capitão daquele time, Johan Cruijff, foi maestro e tem lugar reservado na lista dos maiores craques da história. No entanto, foram as decisões fora dos campos que o diferenciaram dos demais e o transformaram em um ícone.

Em 73, com o destaque no Ajax e na seleção holandesa, os dois maiores clubes da Espanha tentaram contratá-lo. As duas propostas eram ótimas e, para qualquer outro jogador, o diferencial seria o lugar onde sua família viveria. O Glamour madrilenho ou o turbilhão social que era a Catalunha?

Cruijff levou em conta outro ponto. Havia uma ditadura na Espanha e Franco, o ditador, tinha um alto caráter nazifascista. Assim como Hitler no Estádio Olímpico de Berlim, Franco costumava torcer no Santiago Bernabéu, armado e cercado de guarda-costas.

E para o Barcelona foi o Cruijff, para entoar cânticos separatistas e anti-governistas. Contudo, essa não foi uma decisão isolada. Há outro exemplo que reforça o caráter contestador do jovem Johan.

Após a campanha iluminada da Copa de 74, os Países Baixos iriam como favoritos para a Copa seguinte. Todavia,o país sede passava por um momento complicado de sua história. O Peronismo havia caído perante os militares argentinos. Seguindo a tônica do Cone Sul, uma ditadura sangrenta se estabelecia na terra de nossos hermanos. Apesar do momento político conturbado, eles receberam a Copa de 78. Receberam a Copa, e não um dos seus maiores astros.

Cruijf se negou a ir à Argentina. Ameaças de seqüestro à família do jogador o levam a romper com a Federação Neerlandesa e a abdicar da possibilidade de erguer a taça de Campeão do Mundo.
O clima estranho que pairava no ar se confirmou na final do campeonato. A Argentina se sagra campeã depois do mais suspeito Mundial já realizado. A população vai às ruas para uma extensa comemoração, esquecendo torturas e mortes em meio à celebração.

Com essas decisões, o grande jogador holandês é mais efetivo que a maioria daqueles que discursavam em tom panfletário na época. Originou um questionamento sobre a camuflagem que o esporte dá a opressão política, instigou o fim das ditaduras, enfim, gerou debate.

Enquanto isso, a juventude idealista procurava um profeta. Pobres garotos, perderam um grande ativista.

Por Helcio Herbert Neto

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

"Flamengo, tua glória é lutar."

Não podemos garantir o sucesso desse novo ataque Rubro-Negro, mas podemos garantir que melhor vai ficar. Um time acostumado a grandes ataques não pode se contentar com Val Baiano como referência. A chegada de Deivid e Diogo fazem resurguir a esperança de dias melhores na Gávea.
Zico É um bom dirigente, tem amor ao clube, diferentemente de alguns que passaram pelo Flamengo nos últimos anos, e a presidente Patrícia Amorim, sabendo disso, deu total liberdade para ZicoBauer, apelido dado por twitters, trabalhar. O Galinho, na medida do possível, reforçou o time.
O elenco é bom, a camisa é forte, vamos ver se a taça de campeão brasileiro permanecerá na Gávea. Difícil é, mas FLAMENGO, é FLAMENGO.

Por Felipe Exaltação.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

"Segue a tua senda de vitórias"


Por Roberto Passeri.

A alegria vermelha, jorrada como lava incandescente por um vulcão chamado Beira-Rio, ontem, em Porto Alegre, era só a ponta de um imenso iceberg, como costuma ser a História. Voltando um pouco no tempo não é difícil perceber que a conquista continental da noite de ontem não se deu por contratações que acabaram encaixando, por um treinador que achou o time em alguns jogos, ou por uma “fase iluminada”, como dizem os adeptos dos chavões futebolísticos.

A virada para cima do Chivas Guadalajara pela final da Taça Libertadores coloriu a América de vermelho e branco outra vez. Mas a ressaca da manhã pós-título não é a maior novidade do mundo para um clube que se acostumou a atrair grandes conquistas.
Para os que acompanham, não há dúvidas de que o Internacional é, junto do São Paulo, a maior potência do futebol brasileiro na última década. E sem exageros, pode-se substituir o “brasileiro” por sul-americano e até mundial.

Conhecido como “Celeiro de Ases”, por ser um dos principais formadores de jogador no Brasil, o Inter, sob o comando do presidente Fernando Carvalho, resolveu apostar em sua categoria de base para uma nova era de conquistas no início do século XXI, após duas décadas sombrias (80 e 90). Foi com investimento cauteloso e trabalho sério que o clube revelou ao mundo grandes jogadores como Lúcio, Nilmar, Rafael Sóbis, Daniel Carvalho e Alexandre Pato.

Foi por esse viés que o Colorado recuperou a hegemonia do futebol gaúcho, com a conquista do tetra estadual (2002, 03, 04, 05), e se projetou novamente no cenário nacional com o vice-campeonato brasileiro, em 2005*.
Em 2006, conquistou a Libertadores pela primeira vez, batendo o São Paulo na final. Meses depois, no Japão, ganhou o mundo ao derrotar o badalado Barcelona, de Ronaldinho Gaúcho. O clube ainda conseguiu chegar novamente em segundo lugar no Brasileirão, apesar de ter disputado grande parte da competição com seus reservas.

Em 2007, com a vitória na Recopa Sul-Americana, o clube garantiu a inédita Tríplice Coroa Internacional.
2008 foi mais uma temporada mágica: no início do ano, o Inter participou da Copa Dubai e venceu a Internazionale de Milão na final, levando para Porto Alegre mais uma taça. O clube também voltou a ganhar o Campeonato Gaúcho, ultrapassou o Grêmio e se tornou o maior vencedor da história da competição. No fim do ano, o Colorado ainda obteve um título inédito para o futebol brasileiro: a Copa Sul-Americana, da qual foi campeão invicto. Foi o quarto título internacional oficial do clube (Mundial, Libertadores, Recopa e Sul-Americana); com isto, tornou-se, ao lado do Boca Juniors, um dos dois clubes a possuir todos os títulos que um sul-americano pode almejar.

2009, o ano do centenário, começou com a conquista invicta do Campeonato Gaúcho, porém seguiu com as amargas derrotas na Copa do Brasil para o Corinthians, na Recopa para a LDU e mais uma no Brasileirão - desta vez para o Flamengo. Foi em julho de 2009 que o clube atingiu a meta dos cem mil sócios, tornando-se o sexto entre os clubes com maior número de associados no mundo e o primeiro na América Latina.
2010 chegou e o Colorado focou na Libertadores novamente. Acabou perdendo o Gauchão para o Grêmio – o que não acontecia há nove anos - , mas acertou em cheio na antecipação da janela de transferências, repatriando Tinga e Rafael Sóbis (como já havia sido colocado aqui no blog). Os dois foram essenciais ontem, na conquista do bi, como haviam sido há quatro anos: Tinga voando em campo e Rafael Sóbis marcando um dos gols da vitória.

Em dezembro, no Mundial, em Abu Dhabi, o Inter só precisará fazer o que vem fazendo bem há quase dez anos: mostrar que se vence fora de campo e levantar a taça dentro dele. Feito isso, o mundo será um pouquinho verde e amarelo novamente. Aos pés do Colorado.

*Nesta competição foram anulados treze jogos por um escândalo de manipulação de resultados envolvendo o árbitro Edílson Pereira de Carvalho; o Corinthians disputou novamente duas partidas que havia perdido e ultrapassou em pontos o Internacional.


Fonte: http://www.internacional.com.br/home.php

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Miami, América Latina, Brasil

Miami é a mais latina cidade do mundo. Mais do que em todas as capitais da América Latina, a comunhão entre os povos do Cone Sul, da América Central e do México se dá de maneira intensa. Entretanto, nesse vasto cardápio de culturas, uma possui destaque.

Na primeira quinzena de agosto começou uma mostra de Cinema Brasileiro. Incentivada pela ANCINE, do Governo Lula, a produção cinematográfica Tupiniquim impressiona os povos do Hemisfério Norte.

Enquanto isso, na rede de mercados Walmart, há um espaço reservado para a nossa literaturatura. O novo livro de Paulo Coelho - o escritor Verde e Amarelo mais lido no Planeta - está no alto da estante, ao lado da Saga Crepúsculo.

Contudo, foi no Diário Sun, da Flórida, que nossa mais genuína cultura foi representada. O jornal apresentava um discurso melancólico no dia após a derrota da Seleção Americana para aquilo que os Yankees chamaram de " O Brasil do Futuro ".

Diante de um estádio com setenta mil pessoas, a Seleção Brasileira de Mano Menezes passou por cima de uma população que, finalmente, está familiarizada e apaixonada pelo Soccer.Sendo assim, parece que voltamos a apresentar aquele futebol leve, que sempre foi a Alegria de Nosso Povo.

Tomara que seja apenas o começo de uma trajetória, tanto para a solidificação de nossa cultura dramatúrgica e literária no cenário internacional, quanto para uma camapanha vitoriosa na Copa de 2014. E viva nossos irmãos latinos; das terras de Guevara, Zapata, Fidel, Sandino e Allende.


De Miami, por Helcio Herbert.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Doutrina da Sapiência



É a vez de Mano Menezes. Após uma exposição pública da incompetência da Confederação Brasileira de Futebol no caso Muricy, o ex-técnico do Corinthians assume a Seleção. Com bandeiras completamente diferentes das levantadas em 2006, Mano repete um erro que parece ser oriundo de uma ordem superior.

Depois da festa de Weggis, Dunga chegava ao comando técnico com a faixa da coerência e do comprometimento. Entretanto, o maior erro do gaúcho foi se prender a essas palavras, adotando um grupo que possuía inúmeras limitações. Na realidade, Dunga é a ilustração da frase de Millôr Fernandes: “Coerente é o sujeito que nunca teve outra idéia”.

E novamente surge um protótipo de Sábio de uma idéia só. Mano convoca uma seleção extremamente jovem, que passa longe de ser a lista dos melhores jogadores do país. É lógico que o objetivo principal do Projeto Menezes é conceber uma equipe que esteja pronta para a Copa de 14.

Contudo, ao selecionar apenas nomes que estão em voga na mídia, ignorando atletas com capacidade de chegar ao próximo Mundial e que possuem posição de destaque no Mundo da Bola, como Diego, Renato Augusto, Anderson e Thiago Ribeiro, o novo técnico da Seleção Cinco Estrelas se abraça novamente a uma idéia: “Hora de convocar uma seleção Sub-20”.

Trata-se de uma proposta da CBF de trazer o povo para o lado da Seleção. Parece que o Burocrata Teixeira passou pela porta de um botequim, ouviu a conversa e adotou a cartilha da Turma da Manguaça. Todavia, quem a executa é o técnico.

Torçamos para que Mano tenha a capacidade de notar o que acontece no futebol, exercendo uma espécie de “ Sei que nada sei “ na convocação.Sem idéias fixas, sem frases prontas. Quem estiver melhor que jogue e ponto.



Por Helcio Herbert Neto.